segunda-feira, 16 de maio de 2011

DELUSION


Eu já tive ilusões que eram as mais lindas que já existiram. Elas eram de todos os tipos, cores, tamanhos e cheiros. Eu brincava com elas como se fossem reais e não apenas quimeras construídas por uma mente que preferia o abstrato ao real. Elas me empurravam em direção a uma época que - eu tinha certeza absoluta disso - tudo seria mais fácil, mais belo, mais divertido e mais feliz. Mas elas eram sempre destruídas. Destruído por fatos, esses malditos cuja razão de existir parece ser exterminar sonhos alheios sejam eles quais forem. A realidade, essa indesejável companhia que chega sem ser convidada, tem o dom inexpugnável de matar minhas ilusões. Todas elas. Uma a uma, como um assassino serial. Ou todas de uma vez só, tal e qual um genocida insandecido.

Minhas ilusões, tão preciosas quanto o mais puro diamante, eram frágeis como a felicidade cantada por Vinícius de Moraes e muitas delas mantive escondido por anos e décadas. Tinha a ilusão de que um dia eu poderia ser amada de verdade por alguém, que me veria exatamente como sou e mesmo assim veria em mim - um quase misantropo, meia mau-humorada, metida a escritora, comum e fã de músicas depressivas - sua alma gêmea. Esse ser especial, que conseguiria atingir meu coração, meu cérebro e meu corpo existia, eu tinha essa certeza plena e absoluta. E sabia também - incentivada pelas minhas amigas ilusões - que eu iria encontrá-lo e, mais que isso, saberia identificá-lo sem nenhuma margem de dúvida. Quanto a isso não posso reclamar: essa certeza confirmou-se. Poucas vezes estive tão certo de uma coisa na minha vida quanto ao nome, ao rosto, à voz e à alma dessa pessoa que seria especial para mim. Reconheci-o nitidamente. E mais uma ilusão criou-se a partir daí a de que eu finalmente seria feliz. Como sempre, a ilusão nasceu para ser torturada, mutilada e finalmente morta. Com requintes de crueldade.

Qual a pena para quem mata sonhos alheios? Para quem elimina as preciosas ilusões de pessoas que tem nelas sua bengala para sobreviver em uma estrada repleta de desvãos? Qual o castigo para aqueles que são frios o bastante para fazê-las crescer como um feto saudável e depois as apagam como se praticasse um aborto sanguinário? Assassinos seriais, matadores de aluguel e homicidas passionais matam o corpo. Assassinos de ilusões matam a alma!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

NO IMPORTANT



Eu tentei, tentei... Mas com tantos outros dons eu infelizmente não pude desenvolver esse de, talvez, ser especial pra qualquer outra pessoa que não seja para minha mãe.
Decepções acontecem, pois infelizmente esperamos algo de alguém que possa nos fazer felizes. Decepcionar-se com uma pessoa é normal, com duas até vai, mas se passar disso...

Sentir-se no banco de reservas de um time de futebol é, sem dúvidas frustantre - julga-se pelo nome - porém estar no banco de reservas na vida de uma pessoa... AH! É frustrante!
A sensação de que sempre há alguém mais importante do que você, de que sempre haverão pessoas que chorarão por alguém - menos por você -, e mais ainda..que por qualquer motivo te trocarão por um ser que nem tão pouco esteve com ela quando o que mais precisava era desabafar, rir, chorar... Ouví-la incansávelmente vomitar todos os seus planos futurísticos, loucos.. Mas que você e só VOCÊ a fez crêr que daria certo.

O furacão de abandono que te corroe por dentro ao saber que ninguém estará à sua espera quando você voltar, que ninguém te convidará pra passar uma noite tão simples juntos, ou que ainda esteja sequer ONLINE apenas pra falar contigo, diga-se que é algo humilhante.

Mas eis que tudo pode ficar muito mais massante e cruel. Sim, e muito! Perceber que para todas aquelas poucas pessoas a qual você move fundos e mundos, você não passa de um: AH! Já que tem tu - nesse momento - vai tu mesmo. Isso é foda! Talvez a sensação não haja pior, talvez eu mereça, ou até mesmo é passageiro...

Talvez um dia eu ainda possa valer uma ligação de desculpas, um abraço sem palavras, ou tão simples palavras que me peguem de surpresa. Ou talvez, tanto assim, que eu sou tudo de mais importante à alguém.